Carta aos candidatos de oposição a Berzoini

À companheira Maria do Rosário
Aos companheiros Raul Pont, Plínio Sampaio, Marcus Sokol, Gegê

No dia 18 de setembro, mais de 305 mil petistas demonstraram disposição de defender o Partido dos Trabalhadores.

Este enorme comparecimento foi um tapa na cara da direita brasileira, demonstrando que 140 dias de brutais ataques não destruíram a esperança da militância, sua coragem de mudar o Brasil e seu compromisso com as bandeiras vermelhas do Partido dos Trabalhadores.

No dia 18 de setembro, os filiados decidiram que nenhuma chapa, nenhuma tendência, nenhum grupo pode mandar no PT. Ao votar, a militância demonstrou que quer seu Partido de volta.

O antigo “Campo Majoritário” caiu de 52% para 42%. Com isso, vencemos o principal obstáculo que impedia a existência de uma direção partidária colegiada, com democracia e divisão real de responsabilidades entre todos os dirigentes.

No dia 18 de setembro, os filiados decidiram que o futuro presidente do PT será eleito em segundo turno de votação. O candidato do ex-“Campo Majoritário” recebeu em torno de 120 mil votos, contra mais de 160 mil votos dados para as demais candidaturas.

Quem for escolhido para disputar o segundo turno, contra o candidato do ex-“Campo Majoritário”, tem todas as condições de vencer. O segundo turno será um plebiscito entre a renovação e o continuísmo.

Nós precisamos começar já a campanha: enquanto os votos são apurados e totalizados, nossas candidaturas devem fazer campanha contra o continuísmo expresso por Ricardo Berzoini.

Nós devemos fazer uma campanha em defesa do Partido dos Trabalhadores; de uma política econômica democrática e popular; de uma aliança prioritária com os movimentos sociais e partidos de esquerda; de uma relação de autonomia entre Partido e governo; de uma nova cultura de organização partidária; do socialismo como nosso objetivo estratégico e histórico.

A disputa entre nós, sobre quem vai ao segundo turno, não pode ameaçar nossa unidade e nossa vitória no segundo turno.

Até o dia 18 de setembro, disputamos o apoio dos filiados do PT para a nossa candidatura e nossa chapa. Registramos com satisfação, aliás, o resultado obtido por nossas chapas, em particular aquelas encabeçadas pelos candidatos com chances de ir ao segundo turno, que tiveram um número praticamente igual de votos.

Concluído o primeiro turno, nos dedicamos a observar as determinações do regimento e do estatuto, a apurar e totalizar os votos, garantindo o respeito à vontade da base partidária.

Não fizemos nem orientamos que se fizesse qualquer tipo de recurso contra as chapas e candidaturas que fazem oposição ao ex-“Campo Majoritário”. Optamos por não fazer recursos, por dois motivos principais.

Em primeiro lugar, a eleição foi um enorme sucesso. Parte da mídia, que imaginava que o PED seria um fiasco, agora procura apresentá-lo como eivado de fraudes. Fazer recursos, neste contexto, embora seja um direito legítimo e amparado no estatuto, pode alimentar a pretensão destes setores da mídia.

Em segundo lugar, estamos convencidos que passar ao segundo turno graças a recursos é meio caminho andado para a derrota.

Pelo mesmo motivo, achamos profundamente equivocado os ataques que vem sendo desferidos à nossa candidatura. Não é hora de acentuar nossas divergências, que ficaram explícitas quando do lançamento de diferentes candidaturas ao primeiro turno. A hora é de unidade, para vencer no segundo turno.

Ademais, achamos ainda mais equivocado o debate sobre sair do PT, exatamente no momento em que mais de 305 mil filiados reafirmaram o Partido, a maior parte dos quais votando em candidaturas e chapas alternativas ao ex-“Campo majoritário”.

Consideramos que participar do PED e, em seguida, discutir a saída do Partido é um enorme erro. É muito escassa a legitimidade das críticas vindas de dirigentes e parlamentares que, ao mesmo tempo que discutem publicamente se ficam ou se saem do PT, ainda acham oportuno expor suas preferências sobre o segundo turno das eleições, em um Partido do qual logo mais talvez não façam parte.

Não fizemos nenhum ataque às candidaturas de oposição ao ex-“Campo Majoritário” e seguiremos não fazendo. Se absorvemos os ataques, mesmo os absurdos e desleais, é porque achamos que nosso dever é vencer o segundo turno e eleger um presidente do Partido sintonizado com a nova maioria que emergiu das urnas de 18 de setembro.

Uma nova maioria que seja capaz de mudar os rumos, defender o PT, vencer as eleições de 2006 e convocar o III Congresso Partidário.

Não podemos jogar fora a oportunidade de assumirmos a direção de nosso Partido. Para tal, precisamos iniciar já a campanha, que deve buscar os votos de quem apoiou as candidaturas oposicionistas, mas também daqueles que votaram em branco, que votaram nulo, que não votaram e, inclusive, aqueles que votaram no candidato do ex-“Campo majoritário”.

Este é o caminho da vitória: firmeza programática e estratégica, compromisso com a mudança de rumos, conquistando apoio da maioria dos filiados do Partido. O melhor candidato para fazer isso é aquele que tenha recebido este mandato nas urnas de 18 de setembro.

23 de setembro de 2005

Chapa A Esperança é Vermelha

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